sexta-feira, 18 de abril de 2008

Atenção personalizada do médico melhora doença mesmo sem remédio




O efeito placebo acontece quando um tratamento ou medicamentos simulados são aplicados aos pacientes para que se obtenham alívio dos sintomas. Pesquisadores da Universidade Harvard identificaram três componentes psicológicos na utilização dos placebos e se propuseram a avaliar sua importância no processo.

Os médicos dividiram o efeito placebo em três etapas: reação à observação e avaliação feita pelo médico das queixas do paciente, aplicação de um ritual pretensamente terapêutico e a resposta do paciente à interação mais profunda com o profissional de saúde. Para avaliar o efeito de cada um dos componentes, um grupo de 260 pacientes que sofria de síndrome do cólon irritavél foi dividido para passar pelas diferentes fases do tratamento. O primeiro grupo simplesmente era avaliado, sem intervenções. O segundo era submetido a uma simulação de acupuntura e o terceiro recebia a simulação e era atendido pelo médico com consultas e suporte pessoal.

Comum e psicossomática
A síndrome do cólon irritável foi escolhida por se tratar de uma disfunção crônica do aparelho digestivo que habitualmente causa dores abdominais, diarréia e constipação. O aspecto psicossomático nessa situação é muito importante. Apesar de benigna, a síndrome do cólon irritavél causa uma perda estimada em US$ 41 bilhões por ano, em todo o mundo. Além disso, pesquisas anteriores mostraram efeito positivo de placebos no tratamento dessa doença. No trabalho em questão, publicado na revista "British Medical Journal", os pacientes foram avaliados no início da pesquisa, após as três semanas de tratamento e em uma revisão de seis semanas.
Na simulação de tratamento, o paciente passava por sessões falsas de acupuntura, onde sentia como se fosse espetado por uma agulha, mas não havia perfuração da pele. No tratamento com maior interação médico-paciente os médicos buscavam conhecer, além dos problemas físicos, o perfil emocional de seus pacientes, personalizando o tratamento. Os pacientes classificavam o seu estado geral, sintomas específicos e a qualidade de vida, utilizando questionários padronizados, permitindo a avaliação científica e comparação dos resultados.
Após as três semanas de tratamento, todos os grupos mostraram uma melhora global dos sintomas e bem estar. A reação foi positiva em 25% no grupo de observação e de 50% no grupo que recebeu atenção personalizada pelos médicos. Essa tendencia se manteve no quesito dos sintomas específicos da doença e com significância estatística. Como já se podia intuir, o aspecto humano é o mais importante no efeito placebo.

Nenhum comentário: